quinta-feira, 1 de julho de 2010

Brancos sul-africanos da uva Sauvignon Blanc são para beber gelados e no meio da tensão dos jogos

Em São Paulo - État de São Paulo, Brésil
A hora é agora. O Sauvignon Blanc da África do Sul vem crescendo tanto em quantidade, como em qualidade.

Sauvignon Blanc combina com futebol? Sim, pois vai bem com tudo que se come sofrendo diante das partidas. Só não harmoniza com a cavalgada das vuvuzelas a que estamos submetidos, mas os melhores são tão refrescantes e amigáveis que podem mesmo atenuar a enxaqueca trazida pela aporrinhola do momento.
 Foto: Alex Silva/AE
Tem muita gente que menospreza essa uva. O grande especialista britânico sir Hugh Johnson a considera monótona, quase banal. É compreensível. Trata-se de uma casta mais simples, ou dizendo melhor, menos capaz de produzir vinhos complexos e longevos, como outras brancas.

Claro que há exceções. A mais notável delas é o precocemente desaparecido produtor Didier Dagueneau, com seus notáveis Silex e Pur Sang do Loire, intensos e minerais. E há uns poucos produtores que ousam passá-la por madeira, procurando outras expressões, como o austríaco Manfred Tement, na Styria, e Matias Garcés, da Viña Garcés Silva chilena, cujo Amayna é bem instigante.

Mas o estilo mais comum e bem-sucedido de Sauvignon Blanc é o fermentado em inox e bem frutado e ligeiro. O perigo reside na fermentação, momento em que os Sauvignons enjoativos aparecem pelo incômodo uso de leveduras industrializadas no processo. Essas leveduras exageram no efeito frutas tropicais nos aromas, aquele cheiro de chapéu de Carmen Miranda - abacaxi, manga, maracujá, tudo em excesso e desequilíbrio.

A África do Sul ficou famosa pelos seus Chenins Blancs e Chardonnays, que ainda ocupam bom espaço, mas hoje a SB vem crescendo em quantidade e qualidade: a superfície plantada com a casta só aumenta, segundo o guia Platter, e a maioria dos produtores tem um varietal dela na sua lista de vinhos.

Provamos quase uma dezena, felizmente encontrando um desfile de limpidez, elegância e leveza. A ideia de um bom SB é que você saia com a sede matada e queira beber um pouco mais. Nesse sentido, os sul-africanos são totalmente bem-sucedidos: nenhum vinho era gordo ou enjoativo, todos tinham notável e agradável presença de acidez natural e nenhum era demasiadamente aromático.

O Reyneke, de um dos poucos produtores biodinâmicos do país, sobressaiu-se um pouco apenas pelo processo de elaboração: o mosto tem um contato mais longo com as borras, extraindo mais sabor, ganhando algum corpo, sem ficar pesado. E, radicalmente orgânico, só usa leveduras selvagens, aquelas que existem no ambiente da vinícola. Faz diferença, acreditem. Basta pensar num iogurte natural e num industrializado.

Voltando ao futebol, o importante é torcer com moderação para não derramar vinho da taça.

MODERNA HARMONIA

Vinho e pipoca? Quando as atenções estão mais na tela da TV que na taça de vinho, a comida se torna coadjuvante. Basta alguma coisa salgadinha para mastigar. Sauvignon Blanc é um grande acompanhante para ostras e frutos do mar, mas quem vai comer ostras torcendo durante uma partida? Melhor ficar com a simplicidade - pipoca, amendoim, castanhas e sanduíches.
Luiz Horta

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